Exército deixou Complexos do Alemão e da Penha
terça-feira, 10 de julho de 2012Ataques de traficantes a policiais militares marcaram o dia da saída do Exército dos Complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Horas depois de festa com a presença do governador Sérgio Cabral na passagem de comando de tropas, moradores reviveram momentos de terror.
De acordo com a assessoria da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), o primeiro ataque aos PMs aconteceu na localidade Central, próximo ao teleférico, quando bandidos passaram atirando. Os policiais não revidaram. Ninguém se feriu.
O segundo ataque ocorreu na localidade Pedra do Sapo. PMs faziam patrulhamento de rotina quando bando armado atirou. Desta vez, houve revide. Ninguém ficou ferido e as cápsulas das armas dos criminosos foram recolhidas. Militares das UPPs da Fazendinha e Nova Brasília foram ajudar no policiamento, que continua ostensivo até os bandidos serem encontrados.
Muitos moradores tuitaram sobre o pânico que sentiram.Com seis Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) — até o fim do mês mais duas serão inauguradas — os complexos do Alemão e da Penha vão entrar no currículo dos futuros PMs.
Nessas áreas eles farão estágio antes de saírem do Centro de Formação de Aperfeiçoamento de Praças para patrulharem as UPPs. A ideia é que a próxima turma a entrar no Cfap já vá para o Alemão.
Nesta segunda-feira, as sedes das UPPs Fazendinha e Nova Brasília, no Alemão, foram inauguradas. Elas funcionavam em contêineres. O governador disse que a transição é o início de novo capítulo da pacificação.
Os estagiários serão acompanhados no Alemão por um oficial. “Eles podem ficar por alguns dias. É uma região emblemática onde era impensável a polícia entrar. Faremos estudos de casos da área, que vai funcionar como grande laboratório para futuros policiais”, explicou o coordenador de Ensino e Pesquisa do CPP, major Eliezer de Oliveira.
Governador pede que comandante do CPP fiscalize atividades de perto
O major Eliezer de Oliveira disse que serão colocadas em prática uso de técnicas de menor letalidade, de mediação de conflitos, de Direitos Humanos, e outras. O CPP ficará na antiga base da Força de Pacificação.
“Vou estabelecer aqui treinamento para os policiais e pretendemos com isso ampliar nossa capacidade de diálogo e melhorar o serviço. A nossa vinda é para estarmos mais próximos da comunidade”, contou o comandante do CPP, coronel Rogério Seabra.
Em seu discurso, Cabral deu uma determinação ao comandante do CPP, coronel Rogério Seabra: “Não quero te ver aqui. Vamos colocar mais homens nas ruas. Quero o senhor andando por aí, sabendo da vida de cada soldado”.
A passagem de comando teve direito à desfile dos tanques do Exército. “Ela é singular e vem acompanhada da sensação de dever cumprido, mas é preciso apoio social permanente a moradores”, ressaltou o ministro da Defesa, Celso Amorim.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, destacou o trabalho do Exército. “Nós não chegaríamos a essa área, que era a agência reguladora do crime, sem o Exército”, frisou.
Há 19 meses à frente da pacificação na área, general Adriano será substituído no CML
Ao longo de 19 meses, a Força de Pacificação foi comandada por cinco generais. Alguns ocuparam o posto mais de uma vez, mas sempre sob o comando de apenas um oficial, que participou desde o início da implantação do projeto de pacificação dos complexos do Alemão e da Penha: general Adriano Pereira Júnior, comandante do Comando Militar do Leste (CML). Em setembro, o general deixa o CML e vai para Brasília exercer nova função.
Para seu posto foi nomeado o general de Divisão Francisco Carlos Modesto, que serve no Ministério da Defesa, em Brasília. A passagem de cargo deve acontecer em agosto. “Entrego o comando da área à Polícia Militar com a certeza da missão cumprida”, despediu-se o oficial. Mês passado, ele ainda atuou como coordenador de segurança da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
UPP Rocinha será instalada em agosto
A próxima UPP a ser inaugurada será na Rocinha em agosto, como O DIA noticiou mês passado. A unidade terá 750 PMs e deve começar a funcionar em meados do mês que vem, mas a área já está pacificada desde novembro, quando Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefão do tráfico na área, foi preso.
A Rocinha terá ainda seis bases de apoio na favela. Assim como as outras UPPs, ela também será inaugurada com base provisória e funcionará onde está o comando de policiamento da comunidade, no Parque Ecológico da Rocinha.
O terreno onde será a sede já foi escolhido, e o projeto está na Secretaria de Segurança Pública. Fica na Rua Divinéia. O antigo Posto de Policiamento Comunitário da comunidade também está sendo reformado e será transformado em alojamento para a UPP.
Fonte: O Dia
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