Penha: Guardiões dos Rios beneficiam Complexo do Alemão
segunda-feira, 1 de abril de 2013O programa Guardiões dos Rios, que capacita agentes comunitários para atuar na limpeza e conservação de rios e canais, beneficia atualmente 24 comunidades do município, como Rocinha, Rio das Pedras e Complexo do Alemão. Os 196 guardiões – todos moradores das comunidades beneficiadas – atuam recuperando corpos d’água no bairro da Penha, evitando enchentes, mau cheiro, e a infestação de ratos e insetos (fator causador de doenças).
Criado em 2001 por Eduardo Paes, então secretário municipal de Meio Ambiente, o programa foi encerrado em 2008 e retornou em 2011, a pedido dos moradores. Somente em 2012, os guardiões recolheram 4.192 toneladas de lixo dos rios das regiões atendidas pelo programa. Todo o lixo retirado dos rios é recolhido pela Comlurb. O projeto tem como finalidade promover a educação ambiental nas comunidades que margeiam os rios, coibir o lançamento de lixo e monitorar as faixas marginais de proteção para reduzir o acúmulo de resíduos em pontes e galerias de drenagem.
Em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, o projeto teve início há oito meses, com a capacitação de moradores da comunidade Jardim Violeta, onde uma das equipes é formada por sete homens que atuam na limpeza do Rio Sarapuí (no trecho com o Rio Viegas). Morador do local, Robson Ribeiro da Silva viu, em 2010, sua casa ser invadida pelo lixo do rio após um forte temporal. Hoje, ele é um dos guardiões da região, ajudando a limpar e a conscientizar os vizinhos dos perigos de jogar lixo nos rios.
– Já retiramos colchões, quadro de bicicleta, vaso sanitário, máquina de lavar, sofá, o povo jogava de tudo no rio. Mas melhorou muito com o nosso trabalho, hoje quase não retiramos mais lixo do rio, apenas mato. Mas sabemos que esse é um trabalho de conscientização e educação ambiental. Atuamos em parceria com o morador. No início eles rejeitavam, mas agora aceitam muito bem nossa tarefa e até ajudam indicando os pontos mais críticos para podermos agir mais intensamente – conta Robson.
Antes de começarem a trabalhar, os Guardiões dos Rios passam por uma capacitação profissional, onde são treinados para o serviço e se tornam multiplicadores da cultura de prevenção. Durante aproximadamente duas semanas, eles assistem a palestras sobre o Sistema de Defesa Civil e Primeiros Socorros, além de noções sobre a qualidade do lixo, técnicas de poda e capina, e identificação da mata. As aulas são ministradas por técnicos da Rio-Águas, da Defesa Civil, das secretarias de Meio Ambiente e Saúde e por representantes da Cruz Vermelha.
– A prefeitura do Rio de Janeiro capacita os moradores interessados que se inscrevem previamente na Secretaria de Meio Ambiente para participar do programa. Aqui, os trabalhadores vão de 18 anos até a idade que aguentar. Tem que ter disposição, pois o trabalho é puxado – conta o engenheiro operacional Ricardo Sodré .
Além do trabalho braçal, os guardiões também atuam na Ação de Educação Ambiental, batendo de porta em porta, fazendo pesquisas domiciliares, distribuindo material educativo e folhetos e conversando com os moradores sobre a importância da colaboração de cada um na manutenção e limpeza dos rios. Eles ainda realizam articulação e promoção de parcerias com entidades comunitárias, além de projetos e programas atuantes nas comunidades, como palestras em escolas da região, para incentivar crianças e adolescentes a contribuírem com o meio ambiente e a difundirem o que aprenderam na escola, em casa e na vizinhança.
Administrado por uma organização não-governamental licitada pelo município, o projeto proporciona aos agentes um salário fixo (em média R$ 840), férias, 13º salário, Fundo de Garantia e uniforme. O coordenador de Recursos Hídricos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Alexandre De Bonis, explicou que o trabalho é um ganho não só para as comunidades beneficiadas, mas também para a cidade:
– A drenagem e o assoreamento dos rios quem faz é a Rio-Águas, mas o trabalho dos guardiões é fundamental nesse processo, pois com a retirada dos lixos e entulhos a calha do rio vai sendo mantida. Isso gera uma economia enorme para a prefeitura, que pode utilizar as máquinas e a mão-de-obra da Rio-Águas para executar outros serviços na cidade.
No dia 30 de janeiro deste ano, o projeto Guardiões dos Rios recebeu prêmio de honra ao mérito socioambiental concedido pelo Instituto Cultural e Ecológico Lagoa Viva. A premiação é uma distinção de reconhecimento e estímulo a ações voltadas para o cuidado com o meio ambiente e à busca de soluções para as questões ambientais.
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro