Polícia quer ouvir diretor de hospital sobre morte de médica na Penha
quarta-feira, 19 de setembro de 2012O delegado Rivaldo Barbosa, titular da Divisão de Homicídios (DH), disse nesta terça-feira que o diretor do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, será intimado para prestar esclarecimentos. O policial vai pedir ao diretor uma lista com os nomes dos funcionários que trabalharam no mesmo plantão da pediatra Sônia Maria Santana Stender, de 61 anos, morta a tiros ao deixar o trabalho, no último domingo.
“Algumas informações estão sendo veiculadas na imprensa, mas ninguém esteve na delegacia para formalizar essas denúncias. É importante que as pessoas que viram alguma coisa, que estavam com ela no momento da suposta ameaça, venham à Divisão de Homicídios e prestem depoimento”, disse Barbosa, referindo-se a uma suposta intimidação sofrida por Sônia durante seu plantão na madrugada de domingo, horas antes de ser morta.
O delegado espera que imagens de câmeras de segurança da região onde aconteceu o crime possam mostrar o que realmente aconteceu. Elas ainda não foram analisadas. “Esperamos que as imagens mostrem o que aconteceu”, completou.
Revoltados com o assassinato da pediatra Sônia Maria Santanna Stender, de 61 anos, amigos e funcionários do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, denunciaram que muitos profissionais já receberam ameaças de acompanhantes e de pacientes, e que falta segurança para quem trabalha dentro da unidade.
No entanto, a principal linha de investigação da Divisão de Homicídios (DH) é a de latrocínio (roubo seguido de morte), apesar de nenhum pertence da vítima ter sido levado.
Sônia foi morta na Penha, após ser abordada por bandidos que estavam num Meriva branco, roubado horas antes. O veículo foi abandonado em acesso à Vila Cruzeiro.
Na madrugada de domingo, uma pessoa contou ter visto um homem pedindo à médica que atendesse uma criança no terceiro andar da unidade: “Ela explicou que a criança teria que passar pela triagem primeiro. O homem fez fotos dela com o celular e depois saiu”.
Amigos relataram que ameaças a profissionais são frequentes. “Ela pode ter sido vítima de vingança de algum paciente. Não tem policiamento e as pessoas entram lá armadas. Ficamos 12 horas operando uma pessoa que, depois que saiu do centro cirúrgico, levou tiro e morreu. Um ortopedista chegou a levar soco porque não tinha gesso no hospital”, contou amiga da médica, que preferiu não se identificar.
O corpo da médica foi enterrado nesta segunda-feira, no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo. O velório teve clima de comoção e revolta. Cerca de 150 parentes, amigos e funcionários do hospital acompanharam.
Busca de vídeos de prédios
O delegado Rivaldo Barbosa disse que a informação sobre a suposta intimidação à médica será checada. “Já ouvimos parentes e vamos chamar os funcionários. Nenhuma hipótese está sendo descartada, mas, até agora, o mais provável é que os criminosos tenham tentado levar o carro dela”, disse Rivaldo, que procura câmeras que tenham registrado imagens do crime.
Nesta segunda-feira, a filha da vítima prestou depoimento. Equipes da delegacia voltaram ao local do crime e buscaram novas testemunhas. O Space Fox da vítima e o Meriva que estava com os bandidos foram periciados.
Insegurança em unidade de saúde
Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio, Jorge Darze, as unidades de saúde registram diariamente casos de agressão física ou verbal a médicos.
Ele contou que a classe solicitou reunião com o chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, para relatar as situações de perigo. “Diria que a doutora Sônia foi mais uma vítima do estado”, afirmou Darze.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) emitiu nota. “Infelizmente, muitos médicos estão sujeito à falta de segurança, em especial nas unidades de atendimento 24 horas”, diz a mensagem, ressaltando que o órgão solicitou em maio à secretaria de Segurança Pública a instalação de câmeras de segurança em hospitais e postos de atendimento.
Fonte: O Dia On Line